domingo, 18 de julho de 2010

Nós temos um curso de banda larga, eh eh

Apesar de estar a escrever este post com uma ligação que só chega aos 100kbs se for com o portátil para a rua, a verdade é que se diz por aí que o curso de Direito hoje em dia é um "curso de banda larga". Isto porque "há muita gente com o curso de Direito, que não está na advocacia ou magistratura".

Vide: http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/advogados-medicos-ultimas-tvi24-saude/1177158-4071.html

A culpa é do degradante ensino da matemática e da lógica das nossas escolas. Ora vejamos:
(A notícia fala dos casos de Medicina e Direito)

Medicina: Há uma grande falta de médicos. Vamos buscar espanhóis, não se abrem mais vagas. Jovens portugueses vão estudar medicina para outros países porque querem ser médicos. O país precisa deles, mas não se abrem vagas. Centros de Saúde fecham por falta de médicos. Outros não têm solução para quando os médicos que têm vão de férias ou se reformam. Lá se admite que é capaz de ser preciso abrir vagas. Abrem-se, ao todo no país, mais 3 vagas (!!!).

Em Direito há excesso de licenciados. Abrem-se mais cursos e faculdades. Direito tem mesmo muito excesso de licenciados e vagas. Abre-se ainda mais vagas. A dificuldade em arranjar emprego cresce. Não há problema, desde que apareçam mais vagas. As faculdades têm problemas financeiros. O governo ajuda, desde que abram mais vagas. Desemprego. Ou morrem à fome, ou os licenciados têm de optar por vias alternativas. Logo, "Direito é um curso de banda larga". Por isso abram mais vagas. Há licenciados em Direito em caixas de supermercados. "Shit, Direito é mesmo importante para muita coisa, abram mais vagas!". "Procura-se mordomo. Habilitações mínimas: Secundário completo nas Novas Oportunidades e curso de Direito com média de 12".

Realmente, Direito é um curso que nos abre muitas perspectivas e alternativas de vida. Cada vez menos relacionadas com Direito, é certo.

Caixas de supermercados, desempregados profissionais, emigrantes, coveiros...

Parecer do Requerimento sobre as mudanças na Constituição

Por favor não mexam na CRP. O Professor Jorge Miranda já é velhinho, e temos medo que se ele souber o que andam a pensar fazer, ainda lhe dê alguma coisinha má.

Pelo saúde do grande Jomi, não se mexa.

Obrigado.

terça-feira, 13 de julho de 2010

A conversa habitual

Hoje encontrei a nossa querida Persona Naturale, como vocês sabem, uma combatente do estudo do Direito, e deixo-vos com um pequeno excerto da conversa:



FDS: Então, já és "doutora"?
Persona: Sim, só que no desemprego.




Apesar de ser época balnear, e consequentemente, ser uma altura do ano em que é algo precoce eu estar a afiar as facas para cascar no actual estado de coisas, temo com sinceridade que este excerto se torne parte recorrente das conversas com recém-licenciados.

Até porque Bolonha transformou, na prática, a licenciatura num diploma algo inútil em algumas áreas, tendo em vista o mercado de trabalho. Aos recém-licenciados, que outro remédio senão o mestrado? Do outro lado da moeda, temos os concursos públicos e os 10% de aprovação no exame à ordem.


Neste momento, nada como desejar "boa sorte".

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A fraude.

O bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, considerou hoje uma fraude o aumento do número de vagas para os cursos de Direito, justificando que o mercado já tem excesso de licenciados nesta área.


“O ensino do Direito degradou-se do ponto de vista científico, mas tornou-se um bom negócio. Quanto mais alunos conseguirem aliciar para entrar, mais dinheiro recebem as universidades”, afirmou Marinho Pinto à agência Lusa, acusando as instituições de viverem com “um despesismo escandaloso”, sobretudo no sector público e na área do Direito.

O bastonário reagiu desta forma ao aumento do número de vagas para os cursos de Direito, frisando que a medida “não tem nada a ver com as necessidades do país”.

“Toda a gente vê licenciados em Direito em call centers, em caixas de supermercados, a conduzir veículos e mesmo assim continuam a oferecer mais vagas em cursos de Direito. Parece que o país está a precisar de licenciados em Direito”, criticou.

Para Marinho Pinto, é preciso “denunciar e combater o despesismo das universidades”, que “cada ano exigem mais recursos, não para gastar em investigação, mas em situações de sobre emprego”.

“Tem de arranjar-se alunos para os professores que lá estão. Muito deles não têm condições para lá estar. Não deviam lá estar”, defendeu o bastonário, lamentando que os jovens depois não tenham saídas profissionais.

“A maioria destes jovens vai viver à custa dos pais na próxima década, se entrar para Direito. Só uma minoria é que vai encontrar saídas profissionais adequadas”, declarou, criticando também a duração dos cursos.

“O curso agora dura três e quatro anos, conforme as universidades. Pode hoje tirar-se o curso com três anos. No meu tempo nem o bacharelato. Eram precisos quatros anos para o bacharelato em Direito. Isto é uma vergonha”, disse.

O bastonário entende que o aumento de vagas “serve bem para propaganda”, mas o resultado é ter alguns destes jovens a conduzir camiões porque “não estão preparados para exercer uma profissão jurídica”.

Marinho Pinto considera que os responsáveis políticos e das instituições estão a “explorar as ilusões da juventude portuguesa” com este aumento de oferta nos cursos de Direito.

No próximo ano lectivo (2010/2011) haverá mais vagas para os alunos que se candidatem ao ensino superior, num total de 53 986 lugares nos vários cursos disponíveis.

No total das licenciaturas de Direito disponíveis no ensino público, incluindo no regime pós laboral, nas universidades de Lisboa, Porto, Coimbra, Minho e Universidade Nova de Lisboa, estão disponíveis 1330 vagas, mais cem do que no ano anterior.
No Jornal do Belmiro



O nosso querido Zorro dos Descamisados do Direito volta a dizer mais uns ""disparates"". Descansa, António, as coisas não são bem assim... na FDL há salas para toda a gente, até sobram cadeiras e mesas nas aulas práticas. Todos os professores adoram ensinar e nem por sombras haverá docentes que lá estão para inchar o seu ego e o seu CV.



Se mesmo assim estiverem preocupados, não se ralem. Serão tomadas medidas para ser exercida pressão psicológica nos caloiros. Serão recomendados manuais extremamente desactualizados. Em Janeiro já estão a fazer exames, e só 20% conseguirá alcançar nota positiva. Depois das miseras orais, já todos querem desistir.

Já todos sabemos no que isto vai dar, não vai? Não é preciso explicar, pois não?

Mais um prego para o caixão.

Boas notícias!

Para o ano, vão haver cerca de 600 caloiros para o cacique!

Felizmente a recente deslocação de Teoria Geral do Direito Civil e respectivo staff para o 1º ano acaba por mandar metade dos caloiros para casa, depois de devidamente praxados.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Já começa a tornar-se cansativo

Esperei 15 dias para saber a nota de um exame.







Escrevem-se mails a docentes sem qualquer tipo de resposta.



....por aí fora, por aí fora...




Oiço pelos corredores e da boca de pessoas que penaram a meu lado frases como "vou masé fazer o mestrado para a Nova/Católica".



Ninguém na """""""academia"""""" ou """""""""""""""""melhor faculdade de Direito do país""""""""""""""""""""""""""" abre os olhos para isto?


É que o que se passa dentro da FDL já tem eco no mercado de trabalho. Não se iludam.


Complicar aquilo que já é tremendamente difícil é ESTÚPIDO. Não é exigência, é ESTUPIDEZ.