Apesar da minha “maciça e indesbastável ignorância de bacharel” (que não me impede de trabalhar com isto das citações) vou dar a minha opinião sobre o caso de John Demjanjuk.
Evidentemente que não é por ter a provecta idade de 89 anos que é menos culpado por algo que tenha feito. Também parece evidente que os crimes de que é acusado não prescreveram e daí a necessidade de um julgamento. Não é isso que está aqui em causa.
O que está aqui em causa é saber se é razoável empurrar alguém (sim empurrar porque aparentemente o sujeito nem força tem para fazer andar a cadeira de rodas) que claramente está no final da vida de um lado do Atlântico para o outro. Não havia alternativas? Não poderia ter sido utilizada a teleconferência? E como é que os Estados Unidos permitem a extradição de um cidadão americano nestas condições? É claro que a alternativa tecnológica não seria tão espectacular como ver um homem totalmente acabado a ser arrastado para uma sala de audiências, mas sem dúvida que seria mais humano. É esse circo que não traz nada de bom a ninguém que penso que foi aqui condenado.
No entanto agora que o circo está montado, resta saber o que é que daqui vai sair. Pretende-se apenas apurar os factos? Isso faria sentido, até por uma questão de interesse histórico.Ou pretende-se uma condenação? Isso levantaria uma série de outras questões.Querem fazer deste julgamento um símbolo? Isso não é justiça, isso é utilizar um tribunal para mandar uma mensagem que deve ser em primeiro lugar política. Querem culpá-lo por todos os outros que conseguiram fugir ou que foram acolhidos por terem utilidade a quem os acolheu? Isso também não é justiça. E uma hipotética pena, serviria para quê? Para o fazer sofrer? Isso de justiça não tem nada, como já foi dito é vingança, com requintes de sadismo acrescento eu. Para ele se arrepender e tornar uma pessoa melhor? Duvido muito uma vez que é provável que John Demjanjuk nem cá esteja para ouvir a sentença.
Circo e vingança são as únicas coisas que daqui podem resultar, e como já foi dito, nada disso é justiça. E muito menos é direito. Conceitos que de resto não parecem de grande importância aos nossos opinadores de estimação.
E por que isto já vai longo com esta me retiro: não é que interesse a alguém, mas neste momento John Demjanjuk é inocente e assim permanecerá pelo menos até ao final do julgamento. Que aborrecimento essa coisa da presunção de inocência.
PS: Queria esclarecer uma mijadela fora do balde que encontrei na caixa de comentários: não há nem nunca houve comentários censurados no Requerimento. Através da premissa “Comentário eliminado Esta mensagem foi removida pelo autor” não se pode chegar à conclusão “ao contrário do que se faz neste blog, no meu não se apagam comentários”. Mas não devia ser um jurista ignorante a explicar a um iluminado que faz da filosofia profissão (filósofo é uma profissão?) uma coisa tão simples como esta.
Evidentemente que não é por ter a provecta idade de 89 anos que é menos culpado por algo que tenha feito. Também parece evidente que os crimes de que é acusado não prescreveram e daí a necessidade de um julgamento. Não é isso que está aqui em causa.
O que está aqui em causa é saber se é razoável empurrar alguém (sim empurrar porque aparentemente o sujeito nem força tem para fazer andar a cadeira de rodas) que claramente está no final da vida de um lado do Atlântico para o outro. Não havia alternativas? Não poderia ter sido utilizada a teleconferência? E como é que os Estados Unidos permitem a extradição de um cidadão americano nestas condições? É claro que a alternativa tecnológica não seria tão espectacular como ver um homem totalmente acabado a ser arrastado para uma sala de audiências, mas sem dúvida que seria mais humano. É esse circo que não traz nada de bom a ninguém que penso que foi aqui condenado.
No entanto agora que o circo está montado, resta saber o que é que daqui vai sair. Pretende-se apenas apurar os factos? Isso faria sentido, até por uma questão de interesse histórico.Ou pretende-se uma condenação? Isso levantaria uma série de outras questões.Querem fazer deste julgamento um símbolo? Isso não é justiça, isso é utilizar um tribunal para mandar uma mensagem que deve ser em primeiro lugar política. Querem culpá-lo por todos os outros que conseguiram fugir ou que foram acolhidos por terem utilidade a quem os acolheu? Isso também não é justiça. E uma hipotética pena, serviria para quê? Para o fazer sofrer? Isso de justiça não tem nada, como já foi dito é vingança, com requintes de sadismo acrescento eu. Para ele se arrepender e tornar uma pessoa melhor? Duvido muito uma vez que é provável que John Demjanjuk nem cá esteja para ouvir a sentença.
Circo e vingança são as únicas coisas que daqui podem resultar, e como já foi dito, nada disso é justiça. E muito menos é direito. Conceitos que de resto não parecem de grande importância aos nossos opinadores de estimação.
E por que isto já vai longo com esta me retiro: não é que interesse a alguém, mas neste momento John Demjanjuk é inocente e assim permanecerá pelo menos até ao final do julgamento. Que aborrecimento essa coisa da presunção de inocência.
PS: Queria esclarecer uma mijadela fora do balde que encontrei na caixa de comentários: não há nem nunca houve comentários censurados no Requerimento. Através da premissa “Comentário eliminado Esta mensagem foi removida pelo autor” não se pode chegar à conclusão “ao contrário do que se faz neste blog, no meu não se apagam comentários”. Mas não devia ser um jurista ignorante a explicar a um iluminado que faz da filosofia profissão (filósofo é uma profissão?) uma coisa tão simples como esta.
6 comentários:
Bem, começo a perceber como se deve sentir a velha carcaça nazi... Agora sim, daria jeito ter um ou dois heterónimos aliados. Até estava para não responder mas chamaram-me "iluminado" e isso eu não admito. Cá vamos nós outra vez.
Como dizia Jack o Estripador, "vamos por partes". Começo pelo fim. Dizes que a premissa "Comentário Eliminado Esta mensagem foi removida pelo autor" não me autoriza a tirar de imediato a conclusão de que foi censurada. Pois é, acontece que é exactamente essa a conclusão certa a tirar dada a informação contida na premissa. É a excepção que tem de ser explicada, e como já o fizeste, retracto-me. É assim que funciona. Mas mesmo que tivesse sido uma "mijadela fora do balde" ninguém notaria, as que vocês próprios já deram foram tantas que para se evitar ficar com mijo nas meias só mesmo entrando para o balde. E para chapinhar em mijo já me chegam as festas da cerveja da FDL (já agora, para que não entendas mal a premissa explico já que é uma das tais excepções, porque pretende ser um elogio).
Satisfazendo a tua curiosidade, sim, filósofo é uma profissão e é para filosofar que me pagam. Incríveis as merdas com que o Estado gasta dinheiro em plena crise, não é?
Concordo e subscrevo tudo o que disseste acerca de ser desnecessário submeter o homem a mais sofrimento do que se submeteria qualquer outro apenas para ser julgado. Sim, é inocente até que se prove o contrário. Aquilo a que me oponho é a que digam que não deve ser julgado, o que para todos os efeitos que interessam equivaleria a transformar a presunção de inocência numa sentença de inocente. Já li aqui tanto sobre que é e não é justiça neste blog. Acho bem que o façam, a Justiça é o vosso território e só lá entro para mijar. O que sei, enquanto leigo, é que é suposto a Justiça ser cega. Enquanto leigo (repito), amigos juristas, vergando-me à vossa sapiência, expliquem-me só como é que ela sabe que o nazi é velho? Cheira-lhe a naftalina?
tu cansas-me
, príapo..
Imagino que não seja preciso dizer-te que não é a primeira vez que me dizem isso... Estou em terapia, tem ajudado. Já não odeio a minha mãe e perdoei o meu tio por aquele dia no parque, atrás do escorrega.
As verdades custam sempre a ouvir e então para aqueles que fazem ouvidos de mercador, calculo que sejam extremamente cansativas!
Alter-ego, tu por aqui?
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