E nem vale a pena falar dos horários incumpridos...

Há lá maior aventura que apanhar autocarros da Rede Expressos. Quem utiliza os serviços prestados por esta Companhia (sem ofensa ao célebre palhaço que fazia dupla com o Batatinha) sabe exactamente do que eu estou a falar.

A aventura começa em Estremoz, com a compra do bilhete. Num café. É um pouco estranho estar à pressa para apanhar o autocarro e ainda ter que esperar que umas torradas sejam servidas para a mesa do canto e uns quantos cafés sejam tirados. Mas enfim este, como se vai ver, é o menor dos males.

4 torradas, 2 pires de caracóis e 3 cafés depois finalmente encontro-me na posse do tão desejado bilhete azul. A partir de agora vai ser tudo fácil certo? Errado. Contrariamente ao que seria de pensar, ter o bilhete não quer dizer que se possa ter lugar no autocarro. Isso seria numa empresa normal, mas ninguém aqui disse que a Rede Expressos o era.

Acontece que, a máquina de venda não coloca um número nos bilhetes. E por qualquer motivo que só um ser iluminado ou então os (ir)responsáveis da Rede Expressos conhecem, os diferentes entrepostos de venda não comunicam entre si o número de bilhetes que vendem. Assim o senhor da charcutaria de onde o Judas perdeu as botas fica muito contente porque vende 20 bilhetes, a senhora da loja de meias de cascos de rolha fica muito contente porque vende 30 bilhetes e o senhor do café de Estremoz fica muito contente porque vende outros 30 bilhetes. Porreiro, pá! O autocarro só leva 50 pessoas mas o que é que isso interessa?

Depois é a história do "eu cheguei cá primeiro", "eu tenho que estar não sei aonde não sei a que horas portanto a sobrevivência da Humanidade depende da minha entrada nesse autocarro" ou "eu não me dei ao trabalho de inventar nenhuma história mas ainda assim seria bastante agradável entrar nesse autocarro".

Como se não tivessem todos motivos para querer apanhar o Expresso daquela hora.

Contudo, haja algo de positivo. Pode ser que com o desaparecimento dos bilhetes numerados desapareçam também aqueles velhotes que mandam levantar toda a gente num autocarro porque o lugar deles é o 5 logo não podem de maneira nenhuma ir no 7.