segunda-feira, 12 de julho de 2010

A fraude.

O bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, considerou hoje uma fraude o aumento do número de vagas para os cursos de Direito, justificando que o mercado já tem excesso de licenciados nesta área.


“O ensino do Direito degradou-se do ponto de vista científico, mas tornou-se um bom negócio. Quanto mais alunos conseguirem aliciar para entrar, mais dinheiro recebem as universidades”, afirmou Marinho Pinto à agência Lusa, acusando as instituições de viverem com “um despesismo escandaloso”, sobretudo no sector público e na área do Direito.

O bastonário reagiu desta forma ao aumento do número de vagas para os cursos de Direito, frisando que a medida “não tem nada a ver com as necessidades do país”.

“Toda a gente vê licenciados em Direito em call centers, em caixas de supermercados, a conduzir veículos e mesmo assim continuam a oferecer mais vagas em cursos de Direito. Parece que o país está a precisar de licenciados em Direito”, criticou.

Para Marinho Pinto, é preciso “denunciar e combater o despesismo das universidades”, que “cada ano exigem mais recursos, não para gastar em investigação, mas em situações de sobre emprego”.

“Tem de arranjar-se alunos para os professores que lá estão. Muito deles não têm condições para lá estar. Não deviam lá estar”, defendeu o bastonário, lamentando que os jovens depois não tenham saídas profissionais.

“A maioria destes jovens vai viver à custa dos pais na próxima década, se entrar para Direito. Só uma minoria é que vai encontrar saídas profissionais adequadas”, declarou, criticando também a duração dos cursos.

“O curso agora dura três e quatro anos, conforme as universidades. Pode hoje tirar-se o curso com três anos. No meu tempo nem o bacharelato. Eram precisos quatros anos para o bacharelato em Direito. Isto é uma vergonha”, disse.

O bastonário entende que o aumento de vagas “serve bem para propaganda”, mas o resultado é ter alguns destes jovens a conduzir camiões porque “não estão preparados para exercer uma profissão jurídica”.

Marinho Pinto considera que os responsáveis políticos e das instituições estão a “explorar as ilusões da juventude portuguesa” com este aumento de oferta nos cursos de Direito.

No próximo ano lectivo (2010/2011) haverá mais vagas para os alunos que se candidatem ao ensino superior, num total de 53 986 lugares nos vários cursos disponíveis.

No total das licenciaturas de Direito disponíveis no ensino público, incluindo no regime pós laboral, nas universidades de Lisboa, Porto, Coimbra, Minho e Universidade Nova de Lisboa, estão disponíveis 1330 vagas, mais cem do que no ano anterior.
No Jornal do Belmiro



O nosso querido Zorro dos Descamisados do Direito volta a dizer mais uns ""disparates"". Descansa, António, as coisas não são bem assim... na FDL há salas para toda a gente, até sobram cadeiras e mesas nas aulas práticas. Todos os professores adoram ensinar e nem por sombras haverá docentes que lá estão para inchar o seu ego e o seu CV.



Se mesmo assim estiverem preocupados, não se ralem. Serão tomadas medidas para ser exercida pressão psicológica nos caloiros. Serão recomendados manuais extremamente desactualizados. Em Janeiro já estão a fazer exames, e só 20% conseguirá alcançar nota positiva. Depois das miseras orais, já todos querem desistir.

Já todos sabemos no que isto vai dar, não vai? Não é preciso explicar, pois não?

Mais um prego para o caixão.

2 comentários:

Príapo disse...

Realmente a vossa vida anda complicada....

Joaquim Ferreira disse...

Cursos para o Desemprego.. Sim. Escrevia eu em 1992, num jornal universitário: "Pagar Propinas para o Desemprego". Já lá vão quase 20 anos... E agora, vêm os senhores fazer "História"... ou melhor, contar histórias (ou estórias, se preferirem!). É o país que temos. Quem não viu isto nunca deveria merecer governar o país... Em França, há 4 anos, pagava 20 euros por uma consulta de um médico da especialidade. Atendia-me em cerca de meia hora. Sem pressas. Em Portugal, vamos a um serviço de saúde e escorraçam-nos em menos de 10 ou 15 minutos. Há filas de espera... marcar uma consulta é pior que conseguir bilhete para ir ver a final do Mundial... partes um dente e, com um pouco de sorte, terás uma consulta daqui a 3 meses... Em Paris, conseguia consultas em 3 dias... Está parecido: 3 dias... 3 meses... Afinal é o 3 está lá... E 3 Até é um número bonito... Mágico não é? Por isso, se estão descontentes votem nos mesmos. E teremos mais advogados, mais polícias, menos médicos... Mais criminosos, mais mortos, mas menos reformados. Morreremos antes da reforma. E isso sossega, de certa forma, políticos incompetentes como Sócrates. Por isso protelaram a idade da reforma para lá dos 70 anos.
Não Não Calarei a Minha Voz Até que o Teclado se Rompa!